O que é “Prompt Engineering”? A profissão do futuro que já começou

Marta é uma prompt engineer — engenheira de prompts — uma profissão que sequer existia há cinco anos e que, em 2025, já figura entre as mais procuradas do setor de tecnologia. Seu trabalho é desenhar comandos textuais altamente estratégicos para extrair o melhor desempenho de inteligências artificiais como o GPT-4, Claude, Gemini e outros modelos fundacionais.

CURIOSIDADES

Cristiano Rodrigues

5/7/20254 min read

worm's-eye view photography of concrete building
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O que é “Prompt Engineering”? A profissão do futuro que já começou

Como dominar o diálogo com IAs pode valer ouro em 2025

Por Cristiano Rodrigues - REC Inteligência Artificial | 4 de Maio de 2025

Em um pequeno escritório em Lisboa, Portugal, Marta Tavares passa o dia elaborando frases cuidadosamente calculadas. Ela não escreve roteiros, nem campanhas de marketing. Sua especialidade é outra: ela conversa com máquinas.

Marta é uma prompt engineer — engenheira de prompts — uma profissão que sequer existia há cinco anos e que, em 2025, já figura entre as mais procuradas do setor de tecnologia. Seu trabalho é desenhar comandos textuais altamente estratégicos para extrair o melhor desempenho de inteligências artificiais como o GPT-4, Claude, Gemini e outros modelos fundacionais.

“Um prompt bem feito pode economizar horas de trabalho de um time inteiro. É como ter uma chave mestra para desbloquear a mente da máquina”, explica ela.

A ascensão dessa profissão, que combina linguagem, lógica, psicologia e tecnologia, sinaliza uma mudança mais profunda: a maneira como interagimos com as máquinas está se tornando uma arte — e uma ciência.

O que é, afinal, o Prompt Engineering?

O termo “prompt engineering” (engenharia de prompts) refere-se à prática de construir instruções otimizadas para modelos de linguagem generativa (LLMs), como o ChatGPT. Esses prompts são compostos de texto — perguntas, comandos, cenários, exemplos — pensados para guiar a IA a gerar respostas específicas, úteis e confiáveis.

Na prática, trata-se de desenvolver “interfaces textuais” com máxima eficiência. Um bom prompt pode:

  • Fazer a IA adotar um estilo de escrita específico.

  • Forçar uma cadeia de raciocínio lógico (“chain-of-thought prompting”).

  • Delimitar escopo, contexto e persona.

  • Evitar alucinações ou respostas erradas.

Segundo Ethan Mollick, professor da Wharton School, da Universidade da Pensilvânia:

“Prompt engineering é hoje o equivalente a saber programar na década de 1990. É o novo alfabeto da era da inteligência artificial.”

Leia também: Por dentro do cérebro de um chatbot: Como a IA decide o que responder?

Por que isso virou uma profissão?

A resposta está na complexidade e versatilidade dos LLMs modernos. Grandes modelos como o GPT-4 são generalistas por natureza. Isso significa que o resultado que eles geram depende imensamente da forma como a pergunta é feita.

Empresas perceberam que bons prompts geram resultados exponencialmente melhores — seja para gerar relatórios, códigos, simulações de mercado ou diagnósticos médicos. Daí surgiu a demanda por especialistas que saibam:

  • Traduzir problemas humanos em linguagem algorítmica eficaz.

  • Dominar padrões, instruções encadeadas e formatos ideais.

  • Explorar as fraquezas do modelo e contorná-las com criatividade.

Hoje, empresas como OpenAI, Anthropic, Google e startups de IA generativa já contratam engenheiros de prompt com salários que ultrapassam US$ 300 mil anuais.

Habilidades de um Prompt Engineer

Ao contrário do que se imagina, nem sempre é necessário saber programar. Um prompt engineer de ponta precisa ter:

  • Pensamento lógico estruturado.

  • Excelência na comunicação escrita.

  • Conhecimentos básicos em machine learning e NLP.

  • Curiosidade e paciência para testes repetitivos.

  • Capacidade de pensar como uma IA.

No fundo, trata-se de entender como o modelo “raciocina” — mesmo que ele, tecnicamente, não pense. Isso exige familiaridade com os vieses, limitações e estruturas internas da IA.

Veja também: Modelos fundacionais em 2025: A base da inteligência artificial geral já existe?

Exemplos práticos de prompts inteligentes

Abaixo, alguns exemplos reais utilizados por prompt engineers:

1. Engenharia didática:
“Você é um professor de física explicando a teoria da relatividade para alunos do ensino médio, com analogias cotidianas. Seja claro e objetivo.”

2. Análise de código:
“Revise o código abaixo e sugira melhorias de performance e segurança, explicando cada item em markdown com exemplos práticos.”

3. Estilo literário:
“Reescreva o texto abaixo no estilo de Gabriel García Márquez, mantendo o conteúdo e adicionando um tom mágico-realista.”

Esses prompts demonstram o poder da personalização — e por que a profissão exige mais do que simplesmente “fazer perguntas”.

Prompt Engineering e o mercado de trabalho

A demanda por engenheiros de prompt disparou em 2024 e só cresce em 2025. Plataformas como Upwork, Fiverr e LinkedIn já criaram categorias específicas para “Prompt Engineering”. Existem hoje:

  • Cursos especializados (como os da DeepLearning.AI e OpenAI).

  • Certificações técnicas reconhecidas por empresas.

  • Ferramentas de apoio, como FlowGPT, PromptLayer, PromptPerfect.

O relatório do World Economic Forum de 2025 inclui a profissão entre as 10 mais promissoras da década, ao lado de analistas de dados e especialistas em IA explicável (XAI).

Educação: já está nas escolas?

Algumas universidades e escolas técnicas já oferecem disciplinas optativas sobre o tema. O MIT lançou em 2024 o curso “Prompting and Language Models”, enquanto a FGV no Brasil estreou uma oficina prática para engenheiros e jornalistas.

Nos colégios particulares mais avançados, há oficinas que ensinam alunos do ensino médio a conversar com IA como se fossem consultores.

Leia também: IA e Educação: Tutores personalizados e o futuro do aprendizado

Limites e perigos

Nem tudo são flores. Um prompt mal formulado pode:

  • Induzir respostas falsas ou enviesadas.

  • Gerar conteúdo tóxico ou inadequado.

  • Ser manipulado para uso malicioso.

Além disso, existe o risco de dependência excessiva da IA por parte de profissionais que terceirizam seu pensamento à máquina. O prompt engineer precisa saber quando usar — e quando não usar.

O futuro do Prompt Engineering

À medida que os modelos se tornam mais inteligentes, algumas pessoas preveem que o prompt engineering será automatizado. Mas, para muitos especialistas, isso não acontecerá tão cedo. O motivo?

A criatividade, o contexto humano e a intenção comunicacional ainda são insubstituíveis.

É possível que surjam assistentes de prompt, ou que a interface mude do texto para a voz ou imagens. Mas a essência — traduzir ideias humanas para linguagem de IA — ainda será uma habilidade de elite.

O prompt engineering é mais do que uma técnica. É uma ponte entre humanos e algoritmos. Uma arte que mistura lógica e sensibilidade, ciência e intuição.

Em 2025, não basta saber o que perguntar. É preciso saber como perguntar. E essa, talvez, seja a competência mais valiosa do futuro.