IBM, Google e startups quânticas: quem lidera a corrida pela IA quântica?
No universo tecnológico, poucos terrenos são tão disputados hoje quanto o cruzamento entre computação quântica e inteligência artificial. É nessa interseção que surge a promessa de modelos exponencialmente mais rápidos, precisos e eficientes, capazes de resolver problemas impossíveis para máquinas clássicas. Quem vencer essa corrida pode dominar o próximo século digital.
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IBM, Google e startups quânticas: quem lidera a corrida pela IA quântica?
Por Cristiano Rodrigues - REC Inteligência Artificial | Publicado em 2 de maio de 2025
O futuro da IA depende de qubits? Gigantes e startups apostam que sim — e a corrida já começou.
No universo tecnológico, poucos terrenos são tão disputados hoje quanto o cruzamento entre computação quântica e inteligência artificial. É nessa interseção que surge a promessa de modelos exponencialmente mais rápidos, precisos e eficientes, capazes de resolver problemas impossíveis para máquinas clássicas.
Quem vencer essa corrida pode dominar o próximo século digital.
Na linha de frente, IBM e Google brigam por hegemonia com investimentos bilionários. Mas uma nova geração de startups quânticas, como Rigetti, IonQ, Zapata AI e Xanadu, avança com agilidade e propostas disruptivas. A pergunta que paira no ar: quem está realmente liderando a corrida pela IA quântica?
IBM: a mais pragmática e estável do grupo
A IBM não busca os holofotes com declarações grandiosas, mas sua influência silenciosa molda os pilares da computação quântica há décadas. Em 2021, foi pioneira com o Qiskit, um framework de código aberto que permitiu a desenvolvedores comuns acessarem processadores quânticos reais.
Em 2023, a IBM anunciou o Condor, seu chip de 1.121 qubits, e desde então trabalha em sistemas híbridos quântico-clássicos voltados para machine learning, com aplicações em medicina de precisão, logística e modelagem climática.
Sua principal aposta é a integração escalável: fornecer poder quântico via nuvem, permitindo que empresas rodem algoritmos de IA com aceleração quântica sem precisar adquirir o hardware.
Plataformas e projetos notáveis:
IBM Quantum Experience
Qiskit Machine Learning
Parcerias com Cleveland Clinic e Mercedes-Benz
Google: a visionária com metas arrojadas
O anúncio da “supremacia quântica” feito pela Google em 2019 — ao resolver um problema em 200 segundos que levaria milhares de anos para um supercomputador — sacudiu o mundo.
Desde então, o foco da empresa está no desenvolvimento do Sycamore, seu processador quântico, e na fusão entre IA generativa e computação quântica através da Google Quantum AI.
A Google quer mais que velocidade. Ela visa criar modelos de IA autoevolutivos que usem propriedades quânticas para gerar soluções sem intervenção humana. Em seu laboratório em Santa Barbara, engenheiros trabalham para escalar o número de qubits com controle de erros, enquanto testam LLMs híbridos treinados com apoio quântico.
Plataformas e iniciativas:
Google Quantum AI
Parceria com DeepMind para IA quântica generativa
Projeto de LLMs baseados em QML (Quantum Machine Learning)
Startups quânticas: inovação sem as amarras das gigantes
Se IBM e Google trazem estabilidade e recursos quase infinitos, as startups oferecem velocidade, agilidade e visão disruptiva. E algumas delas já são unicórnios em seu setor.
Rigetti Computing
Sediada na Califórnia, a Rigetti desenvolve seus próprios chips quânticos e oferece um ecossistema para desenvolvedores criarem soluções comerciais. Seu foco está em algoritmos de IA voltados para aeronáutica, energia e segurança.
IonQ
Usando uma abordagem baseada em íons presos (em vez de supercondutores), a IonQ promete maior fidelidade e estabilidade de qubits. Está firmando parcerias com universidades e governos para desenvolver modelos preditivos e sensores inteligentes.
Xanadu (Canadá)
Especialista em fotônica quântica, a Xanadu aposta na luz como vetor para processar informações. Em 2024, lançou o Strawberry Fields, uma plataforma de QML focada em biotecnologia e química quântica.
Zapata AI
Diferente das outras, Zapata não produz hardware, mas sim software quântico de alto desempenho. Seu sistema Orquestra permite treinar e testar algoritmos quânticos em múltiplas plataformas, de IBM a D-Wave.
Universidades e colaborações também ganham destaque
Além das big techs e startups, instituições acadêmicas como o MIT, Caltech e ETH Zurich são peças-chave na corrida. Elas colaboram com governos e empresas, desenvolvendo novas linguagens de programação quântica e modelos matemáticos híbridos.
Na China, o Instituto de Computação Quântica da Universidade de Ciência e Tecnologia também avança rápido, com apoio estatal massivo.
Mercado e impacto econômico: o que está em jogo
O mercado de IA quântica deve ultrapassar os US$ 80 bilhões até 2030, segundo a McKinsey. As áreas mais impactadas:
Farmacologia e biotecnologia: design de proteínas, simulações de moléculas e novos fármacos;
Segurança cibernética: algoritmos criptográficos resistentes à própria computação quântica;
Finanças: previsão de risco, otimização de carteiras e inteligência de mercado;
Clima e energia: simulações atmosféricas e desenvolvimento de materiais sustentáveis.
Quem lidera a corrida?
A liderança depende da métrica usada:
Em infraestrutura e confiabilidade, a IBM lidera com vantagem.
Em ambição científica e pesquisa, a Google está à frente.
Em inovação disruptiva e velocidade, as startups dominam o jogo.
Talvez a pergunta mais correta não seja "quem lidera?", mas sim: quem vai conseguir transformar experimentos quânticos em soluções comerciais de larga escala primeiro? A resposta pode mudar a ordem mundial da tecnologia.