IA e Sustentabilidade: Iniciativas Globais para um Futuro Mais Verde
Enquanto o mundo corre contra o tempo para conter a emergência climática, uma aliada inesperada está entrando em cena com força: a inteligência artificial. Mais do que uma ferramenta de automação, a IA está se tornando um verdadeiro instrumento de transformação ambiental — capaz de prever desastres, otimizar recursos naturais e até restaurar ecossistemas inteiro
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IA e Sustentabilidade: Iniciativas Globais para um Futuro Mais Verde
Por Cristiano ROdrigues - REC Inteligência Artificial – 3 de Maio de 2025
Enquanto o mundo corre contra o tempo para conter a emergência climática, uma aliada inesperada está entrando em cena com força: a inteligência artificial. Mais do que uma ferramenta de automação, a IA está se tornando um verdadeiro instrumento de transformação ambiental — capaz de prever desastres, otimizar recursos naturais e até restaurar ecossistemas inteiros.
De florestas na Amazônia a turbinas eólicas na Escócia, a revolução verde agora passa por algoritmos.
O que é “IA sustentável”?
A expressão se refere tanto ao uso da IA como agente ativo para atingir metas ecológicas, quanto ao esforço para que os próprios sistemas de IA sejam energeticamente responsáveis.
Ou seja: IA para a sustentabilidade e uma IA que seja sustentável.
Segundo relatório da UNESCO (2024), mais de 50 países já possuem projetos ativos que combinam IA com:
Monitoramento ambiental
Redução de emissões
Agricultura regenerativa
Conservação marinha
Planejamento urbano inteligente
Casos reais: quando IA e ecologia se encontram
🌳 1. Monitoramento de florestas e combate ao desmatamento
No Brasil, projetos como PrevisIA, desenvolvido pelo MapBiomas em parceria com a Microsoft, usam IA para prever áreas de desmatamento ilegal com até três meses de antecedência.
Os algoritmos analisam:
Histórico de dados geoespaciais
Variações climáticas
Presença de estradas clandestinas
Sinais de movimentação humana
💡 Resultado: ações preventivas que permitem a atuação de órgãos ambientais antes que o dano ocorra.
🌊 2. IA nos oceanos: proteção da biodiversidade marinha
A iniciativa Project CETI, liderada por cientistas da área de linguística e IA, busca decodificar o “idioma” dos cachalotes para entender suas interações e protegê-los de ameaças humanas.
Além disso, sensores submarinos conectados a redes neurais estão sendo usados para:
Identificar populações de espécies em risco
Monitorar temperaturas oceânicas em tempo real
Mapear microplásticos em larga escala
🌾 3. Agricultura de precisão e regenerativa
Soluções de IA como Prospera, Agremo e Climate FieldView permitem que agricultores:
Usem menos água
Reduzam fertilizantes
Maximizem a produtividade de forma regenerativa
📈 A IA analisa desde a saúde das plantas via drone até a previsão climática hiperlocal, sugerindo ações específicas como “adubar apenas o setor C da lavoura”.
No Brasil, a Embrapa também investe fortemente em IA para controle de pragas e uso racional do solo.
🔌 4. Otimização de energia e cidades inteligentes
Em centros urbanos como Copenhague, Tóquio e São Paulo, a IA já é usada para:
Controlar semáforos com base no fluxo de veículos
Ajustar o consumo energético de prédios públicos
Detectar vazamentos de água e falhas elétricas
🏙️ Um exemplo é o Digital Twin de Singapura: uma réplica digital da cidade que simula diferentes cenários para decisões mais sustentáveis.
IA limpa: o desafio de treinar sem poluir
Apesar de todo o potencial, treinar grandes modelos de IA exige uma quantidade enorme de energia. O GPT-4, por exemplo, consumiu centenas de megawatts durante sua fase de treinamento.
⚠️ Segundo o MIT Technology Review, um único modelo de linguagem pode emitir tanto CO₂ quanto cinco carros em toda sua vida útil.
Por isso, surgem os conceitos de:
IA Verde: algoritmos treinados com energia renovável
Modelos compactos: mais eficientes e menos custosos ambientalmente
Treinamento federado: descentralizado para economizar recursos
Empresas como OpenAI, Google DeepMind e Hugging Face já assinaram compromissos de neutralidade de carbono até 2030.
O papel dos governos e da ONU
Em 2023, a ONU lançou a Iniciativa Global de IA para o Clima, com foco em apoiar países em desenvolvimento no uso da IA para proteção ambiental.
Entre as ações:
Compartilhamento de dados satelitais em tempo real
Infraestrutura em nuvem para países da África e Sudeste Asiático
Desenvolvimento de padrões éticos para uso de IA ambiental
🌐 A meta: usar IA para antecipar desastres, e não apenas responder a eles.
Startups verdes que estão liderando
Cervest (UK) – IA que prevê riscos climáticos corporativos até 2100
ClimateAi (EUA) – Foco em segurança alimentar frente às mudanças climáticas
Regen Network (Global) – IA + blockchain para validar créditos de carbono regenerativos
Terra AI (Índia) – Mapeamento de terras agrícolas e florestas tropicais
Carbon Re (UK) – Otimiza fábricas de cimento e aço para reduzir emissões em até 30%
O futuro da sustentabilidade com IA
Imagine um mundo onde:
Satélites monitoram todos os biomas em tempo real
A água é distribuída com base em algoritmos de escassez
Cada edifício se autogerencia para reduzir sua pegada de carbono
Governos tomam decisões com simulações ambientais por IA
Esse cenário está mais próximo do que parece. Mas ele depende de políticas públicas, governança transparente e acesso equitativo à tecnologia.
A ecologia do algoritmo
Se bem utilizada, a IA pode ser a força mais poderosa da humanidade no combate à crise climática. Mas se mal aplicada — ou dominada por interesses econômicos — ela pode acelerar a degradação que juramos evitar.
O que está em jogo não é só o planeta, mas a forma como escolhemos usá-lo.
A tecnologia está pronta. A pergunta é: estamos?